Na meia noite do dia 31 de dezembro de 1997, depois de deixar a Sônia num manicômio em Porto Alegre, parei o carro no Travessão, entre Novo Hamburgo e Dois Irmãos, perto do nosso sítio e fiquei vendo os fogos de artifício explodindo por todo o Vale do Rio dos Sinos, chorando há não mais poder.
Durante 3 anos lutei de todas as formas para trazer a Sônia de volta, mas era impossível, o maldito vírus tinha destruído justamente a área dos sentimentos do cérebro dela. Sônia tentou se suicidar diversa vezes e eu prometi a ela que eu a mataria, se visse que não pudesse ter uma vida normal.
Remédios conseguiram estabilizar as crises epiléticas dela, mas a Sônia nunca mais sorriu ou chorou, muito menos teve tesão por alguma coisa e eu, não mais suportando esta vida (eu tinha tesão e queria rir e chorar de novo!), sabendo que ela estava bem cuidada, deixei-a. Desde lá nunca mais chorei de verdade, talvez um pouco quando vejo um filme triste.
Hoje eu sei que tenho Síndrome de Asperger, lido com sentimentos de forma mecânica, racional, mas os sentimentos existem, mexem com a gente e nem mesmo um Aspie consegue controlá-los.
Sei que a Sônia está bem, vivendo ainda no sítio.
Vivi uns 6 anos com a Bety logo depois, mulher que me ensinou a arte de amar uma mulher. Motivos outros acabaram nos separando também.
Quando hoje encontrei este vídeo da Nina Simone, interpretando desta forma a música "Feelings", do Morris Albert, nome artístico de Maurício Alberto Kaisermann, um brasileiro, meus sentimentos explodiram.
Como não sei tocar piano, nem tampouco cantar, tive que extravasá-los aqui, escrevendo.
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